Entendido como um processo,
a FDC é o crescimento sistemático e planejado dos recursos Informacionais, independente
de seus formatos, com base em critérios de seleção consistentes, implicando na
formação e desenvolvimento das coleções que irão apoiar os objetivos,
programas, serviços e atender às necessidades da biblioteca e da instituição
mantenedora (BOMMER, CHOBBA, 1982 apud KLAES, 1991).
Mencionar a formação e
desenvolvimento de coleções como disciplina
que pretenda subsidiar conhecimentos, conteúdos teóricos e práticos e
fontes de informação aos discentes de Biblioteconomia na atualidade, significa
repensar alguns aspectos, processos e suas características, visando sempre entender
do status das coleções existentes e seus usos, baseando-se em padrões de
qualidades externos que privilegiem não apenas o perfil, as demandas e as
necessidades dos seus usuários reais e potenciais.
Esse cenário exige lembrar
também dos avanços proporcionados pelas tecnologias, afetando e impulsionando o
mundo das publicações em que os profissionais passaram a ter o desafio de
compreender esses aspectos e processos, não apenas com visão limitada a espaço
e quantidade, mas na qualidade, diversidade de formatos e suportes e a
necessidade contínua de avaliação que permita corrigir e adequar os conteúdos
que a biblioteca dispõe.
Dos aspectos, consideremos a influência
a) da
tipologia da biblioteca e a cultura organizacional da instituição que se pretenda
formar ou desenvolver a coleção, bem como a existência prévia ou não de
instrumentos – políticas, manuais, relatórios, fluxogramas - que formalizam e
tracem diretrizes para esse fim;
b) os
usuários e suas demandas a partir de seu comportamento e das fontes que necessita;
c) A
diversidade das coleções, suas função e características, sempre lembrando das
mudanças trazidas a partir da necessidade de inclusão e implementar formatos e
suportes de conteúdos digitais. Muitas instituições ainda limitam os seus processos
e operações ao lidando com agentes tradicionais de oferta e disponibilidade do
acervo em um espaço limitado;
Dos processos, a seleção aquisição e avaliação se intercalam a partir
da existência ou não de um acervo e da necessidade de avaliá-lo constantemente
a partir de critérios definidos que visem sempre:
Na seleção, a adoção de
critérios é fundamental para a qualidade dos conteúdos. Além disso, o que seria
apenas uma tarefa intelectual de escolha de conteúdos em materiais impressos,
passou a envolver escolhas que considerasse disponibilidade de recursos
financeiros, conhecimento de legislação e políticas, contatos com bases de
dados em meio eletrônico, editoras que fornecem amostras de obras eletrônicas e
a problemática dos diversos conteúdos disponíveis sem a verificação de
qualidade e que não violem a propriedade intelectual de quem os produziu.
Vergueiro (1995) descreve que “[...] a seleção é um momento de decisão [...]” entendido como uma atividade intelectual de escolha dos conteúdos que serão incorporados às diversas coleções do acervo, sempre respeitando os critérios definidos em políticas existentes, missão e objetivos institucionais.
Vergueiro (1995) descreve que “[...] a seleção é um momento de decisão [...]” entendido como uma atividade intelectual de escolha dos conteúdos que serão incorporados às diversas coleções do acervo, sempre respeitando os critérios definidos em políticas existentes, missão e objetivos institucionais.
Selecionar também passou a envolver profissionais aptos a lidar com instrumentos e recursos tecnológicos, exigindo conhecimento em diversas áreas, com noções do ramo editorial, das limitações orçamentárias das bibliotecas, da quantidade e qualidade das coleções, dos usuários, da necessidade de cooperação entre redes de bibliotecas e principalmente, trouxe uma reflexão e desafio acerca do papel democrático da biblioteca em relação à realidade da era das publicações eletrônicas.
Em se tratando do processo
de seleção em bibliotecas, Vergueiro (2010), apresenta critérios associados ao conteúdo dos documentos, a adequação ao
usuário e aos aspetos adicionais dos documentos.
Quanto ao conteúdo dos documentos, os critérios são:
a) autoridade:
relacionada a reputação do autor;
b) precisão: relacionada
a exatidão e rigor das informações existentes na publicação;
c) imparcialidade: assuntos
apresentados de maneira justa, sem favoritismos ou julgamentos pessoais;
d) atualidade:
determinação do tempo em que o conteúdo das obras se desatualizam,
principalmente na diferença entre obras novas ou que apresentam novas edições.
e) cobertura/tratamento: refere-se a forma com o assunto é tratado,
tendo o texto detalhes limitados ou amplos sobre um assunto
Quanto à adequação do usuário são:
a) conveniência: adequação
visual e de vocabulário a utilização pretendida, relacionados ao lado
intelectual do usuários e a sua idade;
b) idioma: diz
respeito a língua do documento e se a mesma tornará acessível o seu conteúdo
aos usuários da coleção;
c) relevância/interesse:
diz respeito ao conteúdo ter alguma utilidade ou não ao usuário, despertando
sua curiosidade;
d) estilo: apropriação do estilo de escrita dos autores
em relação aos usuários, podendo essa, afastar ou aproximar determinado
público. Nesse caso é verificada a adequação dos estilos a partir da linguagem
utilizada pelos autores.
Quanto aos aspectos adicionais do documento:
a) características físicas: escolha
do caracteres adequados referentes a obra, como fonte, sua boa legibilidade,
tamanho, resistência e durabilidade da encadernação, bem como a qualidade do
papel utilizado;
b) aspectos especiais: analisa
se as obras incluem informações extras como bibliografia, apêndices, material
adicional, notas e índices;
c) contribuição potencial: obras
que podem enriquecer o acervo, complementando alguma já existente ou que possa
ter um uso futuro.
d) custo: fatores que possam
afetar o custo total da obra para a instituição, seja com a possibilidade de
obter exemplares mais baratos. Ressaltando que custo está associado mais ao
processo de aquisição e disponibilidade de recursos financeiros do que a um
critério único da seleção.
Já em meio eletrônico, existem
algumas diferenças propostas na literatura quanto aos critérios:
a) questões quanto ao conteúdo:
igualmente relacionados aos aspectos de materiais impressos, quando o conteúdo
deve ser pertinente e adequado a missão e objetivos institucionais e ao público
alvo a que a biblioteca deve atender.
b) questões quanto ao acesso:
diz respeito a facilidade com que documentos podem ser acessados por meio de
mecanismos automatizados; aspectos da acessibilidade do material em rede e da
compatibilidade entre o sistema de informatização e o material eletrônico;
c) questões quanto ao suporte:
existência de elementos complementares ao documento eletrônico que tragam
orientações, informações, treinamentos e manuais que auxiliem na familiarização
do documento eletrônico.
d) questões quanto ao custo:
despesas relativas ao valor da compra, atualização, renovações nos casos de
periódicos em meio eletrônico e manutenção, principalmente se o uso for por
meio de redes de computadores.
Ainda
sobre a seleção, é importante ressaltar a relação entre o processo de seleção e
a censura, palavra que significa repressão, proibição, controle e fiscalização
e que nesse cenário implica na relação do direito de acesso X bibliotecário X
pressões alheias a sua vontade. Somente a partir do
surgimento da imprensa, permitiu que as camadas menos favorecidas da sociedade
tivessem acesso a informação, resultado na democratização do saber.
Na aquisição, importante frisar o surgimento de novos fornecedores e agentes do mercado editorial e livreiro – editores, livreiros, distribuidores, agregadores de conteudo, livrarias digitais - que passam a intermediar o processo se comercialização e interação com os bibliotecários e as bibliotecas.
Se antes o processo de seleção de conteúdos e aquisição estavam condicionados aos diversos trâmites de uma editora responsável em comercializar e respeitar os direitos intelectuais do autor, hoje com o avanço tecnológico e o surgimento dos livros digitais, exigem a discussão acerca do papel intermediário da biblioteca e do bibliotecário em selecionar os formatos eletrônicos, a noção de diferentes fornecedores e suas plataformas proprietárias, modalidades de aquisição que vão desde assinaturas, aquisições perpétuas e paper view.
A avaliação tem como objetivo conhecer a medida da adequação das coleções em relação à missão e objetivos da instituição onde a biblioteca está inserida. Trata-se de uma ação que pretende identificar, por exemplo, a média de duplicação (exemplar/título), o grau de distribuição ou concentração: assuntos, idiomas e idades/título e o estado físico das obras.
Cabe
lembrar que é na avaliação que ocorrem o desbastamento e o descarte de obras,
seja pela obsolescência, excesso de exemplares, inadequação do conteúdo,
duplicatas desnecessárias e desgastes físicos decorrentes do uso, vandalismo e
ações do tempo (água, luz, calor e umidade) ou outros fatores.
Foco sempre!
Jorge Cativo

Pós-graduado em Administração e Gestão do Conhecimento (2014). Pós-graduando em Docência do Ensino Superior (2015). Graduado em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Amazonas (2013). Tecnólogo em Processamento de Dados pelo Instituto de Tecnologia da Amazônia (2001). Bibliotecário atuando no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Aprovado em 18 concursos públicos nas áreas de Informática e Biblioteconomia. Atua como parecerista na avaliação de trabalhos em eventos ligados à área. É consultor e especialista reconhecido no software Biblivre, colaborando em suas correções de versões. Tem experiência em criação de mapas mentais temáticos para estudos em concursos públicos. É tutor em cursos preparatórios para concursos públicos na modalidade EAD na área de Biblioteconomia.